A viagem do elefante

Dia 1 - Copenhaga com malas.




Começamos mal:  40 minutos de atraso levaram-me a dar ao slide e sair de casa com o casaco mal vestido e ainda meio com sono. Mas tudo estava pronto. A viagem correu bem e pelas 13h já estavamos no primeiro destino: Copenhaga. 


Claro que tinha de me enganar no nome do hostel e fazer-nos andar 30m a mais, mas passado isso chegamos ao alojamento que era representado por um bigode e um chapéu clássico "like a sir" e que em nada faziam jus ao ambiente jovial e boémio que encontramos.

A tarde foi gasta a visitar edificios perto do hostel:



Este menino chamado "the chrystal and the cloud" desenhado por  Schmidt Hammer & Lassen revelou-se uma desilusão, em termos de escala, composição desequilibrada e posição questionável em relação à praça que a ele se destina. O rc tenta aproximar-se ao forum de H&deM em Barcelona, mas sem sucesso, quer em ambiente,luz ou mesmo materialidade. Nao gostei.


O passeio á beira-rio torna-se agradável e a presença constante de runners e cyclers, torna-lo mais entusiasmante. 


Esta foto foi tirada num edificio curioso do arquitecto Lundgaard (?) que me surpreendeu pela positiva. Com materiais e cores um pouco duvidosas a principio, acabei por perceber que forma um espaço interior e exterior com profunda relação e um percurso interessante, paralelo e ritmado. Aimagem refere-se a uma das várias cafetarias que se encontravam nos diferentes niveis.


 Dia 2 - Caminhada em relação á Sereia, essa sacana
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Passamos pelo porto nyhavn, para tirar a foto de turista e concluimos que as viagens de barco estavam caras para o orçamento Erasmus.




 A caminhada foi longa mas pelo caminho passamos pelo Kastellet, a cidadela que está sob dominio militar, aparentemente, e pela qual vale a pena atravessar. Chegamos á sereia, que lá estava, coitada, na sua pedra artificial, e pelo que sei terá regressado não há muito tempo do Oriente, onde desempenhou o papel de rato de roda, para o Bjarke.
Ainda deu para esticar um pouco mais e ver um edificio de escritorios do 3XN que se revelou interessante e com 2 átrios, falsamente gémeos.






Da parte da tarde, atacamos a ilhota de Christihavn, onde passamos pela cidade livre de Christiania, que não estava com os clientes habituais devido ao clima adverso. Com rumo à Opera, acabamos por fazer uma curta paragem nos edificios da faculdade de arquitectura e design. Em arquitectura vimos vários modelos de escala urbana, como esperado na escola de Copenhaga. O mais interessante, apareceu mesmo depois: uma exposição de um arquitecto/engenheiro dos anos 60 que eu desconhecia: Pier Luigi Nervi.


 Estas fotos mostram fotos das suas obras e ao mesmo tempo modelos da estrutura, á escala da foto, tentando interagir com o observador e mostrando as propriedades, quer visuais, quer tacteis.






De entre as várias estruturas desenhadas, destacam-se torres, palacios e estádios.




Chegados à Opera que obviamente se mostrou invisitavel, por ser tarde e sermos pobres, tiramos uma vez mais, a foto do turista.




Ainda tempo para a biblioteca nacional "the black diamond", ao pôr do sol.


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Ainda o porto...




A Opera, vista da biblioteca.




Dia 3 - A BIG desilusão


Já me tinham avisado. Aexcitação era grande, eu gosto do Bjarke, agora menos, mas gosto. Ir até ao edificio 8 é uma "foda" em bom português.
Este mix de habitação, escritorios, comercio, serviços, e que só falta ter uma area 51 lá pa dentro, acabou por me desiludir onde menos esperava. Primeiro as suas costas são assustadoras: as fachadas exteriores do 8, viradas para a rua de chegada, são monstruosas, maciças, sem ordem, com uma organização por patamares terrivel. Depois é a passagem no meio do 8, que aparentemente era obrigatória, mas quando visitamos perguntamo-nos porquê. É sobredimensionada, com materiais estranhos ao resto, sem clareza estrutural, sem interesse programático. Terrivel. O mais grave reside na estranha organização das ruas internas que dão acesso ás casas, que embora pareçam ter um ambiente interior habitável, pouco querem com privacidade, acesso, preparação de entrada, etc etc... As escadas que permitem fazer o perimetro poente, fazem lembrar a subida ao Bom Jesus de Braga, escondem o que poderia ser uma bela paisagem para os apartamentos a que dão acesso e são completamente impraticaveis, extenuantes, visual e fisicamente. Fiquei, muito, mas muito desiludido.


Mágoas aparte, continuamos. Chegamos ás varandas Dicaprio como são conhecidas por lá. Marca de venda do Bjarke onde por sinal habita. É um edificio mais modesto, de outra geração e desenhado a duas mãos, pelo que o seu anonimato não é estranho. Em geral satisfaz.




Os mountain dwellings, foram mais ou menos o esperado. Claro que o homem faz experiencias arriscadas, mistura estacionamento e habitação de forma invulgar, pelo que quando olhamos para lá, vemos algumas coisas estranhas, como 2 lugares isolados, ou uma infinidades de rampas, ou uma desorganização geral. Por outro lado, o acesso aos corredos em vários niveis e as cores, que mesmo primárias resultam, pareceram-me bem e funcionais, pelo que até dão outra vida ao estacionamento e nesta mistura invulgar reside uma experiência interessante. A fachada de casario propriamente dita, já conhecia e em pouco alterou o que pensava ser: uso intensivo da madeira e criação de espaços exteriores com alguma privacidade, embora limitada, mas cuja associação cria, inegavelmente, uma composição esteticamente agradavel.
A chapa perfurada é uma montanha como poderia ser um corneto de chocolate. É pena ele pensar que fortalece o conceito da montanha.




Dia 4 - Malmö


Chegamos com escassez de tempo e dirigimo-nos ao Calatrava e ao edificio mais alto da Suécia. O turning torso.
A estrutura que funciona como uma espinha de um corpo que quer rodar, funciona bem na composição do edificio e permite que não se torne repetitivo vê-lo de vários angulos, porque traz hierarquia. Nao entrei e tenho pena, mas gostei.






Depois de percorrer a frente maritima e cheirar o Atlântico, ao mesmo tempo que viamos a ponte do mesmo senhor que leva à Dinamarca, decidimos aventurar-nos para a citadela e o seu afamado museu.
Entramos sem pagar, à bom Tuga e vimos esta exposição com animais espectaculares (cima) ou meio deficientes (baixo) sendo que ainda lá passamos algum tempo.




Antes de regressar ainda chegamos à Igreja da cidade, com um interior remodelado, todo branco, nada cativante. Ainda uma ida a uma exposição de design e uma visita pelas praças maiores.
Espaço para uma desilusão final: não encontramos o chocolate tradicional caseiro de Malmö.


Pouco depois chegamos a Lund, onde o amigo Gonçalves nos recebeu prontamente, e em sua morada  nos instalamos. Cozinhou para nós, gostamos, e vimos que até o Chico já tem facebook. Quem diria.


Dia 5 - Lund


"Chegaram na melhor altura a Lund" diz o Ricardo. Não há festas por isso podem visitar a cidade e disfrutar a arquitectura. oh oh


Ok! Museu dos esquiços - Cerrado. Museu da história - Cerrado. Museu da Cultura - Cerrado.
Era segunda-feira!






 Visitamos então as duas igrejas sendo que a menor tem um interior repleto de luz e vivacidade e a maior: domkyrkan, conta grande parte da historia de Lund (1000 anos).
 Foi várias vezes alterada, durante várias épocas, tendo sido esta fachada principal a sua ultima grande alteração, já no final do século XIX.




Perto encontramos um edificio interessante. Museu destinado a servir a igreja, com arquivo, salas para palestras, loja, etc. Mais importante é a maneira, como a revela, pelo oculo que do exterior reflecte a sua imagem e do interior permite enquadra-la como se se tratasse de um quadro.




Na rua oposta, vê-se que mais uma vez o objectivo é ter um RC com presença silenciosa e um primeiro piso que relfecte os edificios opostos. Mais tarde descobri que ali se situa um dos mais importantes cafés/bar de Lund, que tanto poderá ter pesado para a decisão de reflectir a cidade.




O anfitrião, em todo o seu esplendor.
No fim do dia, apanhamos o anfitrião que nos levou a comer a casa de uma portuguesa da Senhora da Hora e que nos espetou com uma massa de chorar por mais.


 Dia 6 - Lund - museus e afins


Visita ao Skissernas, desta vez com sucesso. Vimos obras interessantes de vários nomes conhecidos e outras menos conhecidas mas com muito interesse, como esta composição do Christo.




 Esculturas no pátio, que tornavam o percurso, no minimo caricato.






Visita ao Historiska, que de forma exaustiva faz um percurso pela história Sueca, destacando Lund, em alguns casos.
O esqueleto acima tem 7000 anos, pelos vistos. Coitados




Ainda um facto interessante. Este crânio viking, tem os dentes da frente meio marcados porque este guerreiros serravam os dentes e pintavam de preto para mostrar como não tinham medo de nada. Fotes.


Ainda deu tempo para visitar o parque botânico e o museu da Cultura.


Lund é uma cidade pequena, ventosa, com um ambiente próprio, e onde se vê o peso da comunidade académica do dia a dia da cidade.
No fim deste dia ainda pusemos o Ricardo embaraçado e mostramos o "filho nos braços da mãe" a toda a turma.  


Dia 7 - Regresso.


Saudade.

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